Exercício Aeróbico pode (eventualmente) MAXIMIZAR as Adaptações em HIPERTROFIA?

Desde o estudo pioneiro do Hickson em 1980, foi sugerido que a combinação de força e aeróbico num mesmo programa poderia ocasionar um efeito de interferência.

Nas últimas semanas, as redes sociais foram infestadas pelos resultados de um recente estudo que sugeriu que a realização de Treino Aeróbico antes do Treino de Força poderia favorecer a Hipertrofia.

Uma mudança de paradigma poderia ter várias implicações para um treinador, mas antes de tirar conclusões precipitadas, precisamos entender exatamente o que foi realizado no estudo.

Isso porque, já houveram estudos anteriores apresentando resultados em que a combinação de força e aeróbico foi superior a um programa que consistia apenas em treino força nas respostas hipertróficas, no entanto, a metodologia era um pouco diferente do que aplicamos na prática…

Em 2014, Lundberg e Colaboradores submeteram 10 sujeitos a um programa de treinamento em que uma das pernas fazia 45min e Bicicleta e em seguida (com intervalo de apenas 15min) realizava 4 séries de 7reps na Cadeira Extensora, enquanto a perna contralateral realizava apenas o protocolo de treino de força.

Como pode ser visto na imagem a seguir, o grupo que realizou exercício aeróbico + força teve maiores resultados no volume muscular do que o grupo que treinou apenas força.

No entanto, precisamos olhar esses dados com cautela:

1️⃣ Existem muitas diferenças nesse protocolo quando comparamos ao que fazemos na prática;

2️⃣ Cuidado com síndrome do último estudo! Precisamos olhar esses dados com mente aberta, mas com a cautela de comparar com o resto da literatura no assunto. 

Ex: Na última metanálise sobre treinamento concorrente, em que o próprio Lundberg é autor, os resultados sugerem haver um pequeno efeito negativo na hipertrofia para o grupo que realiza as duas modalidades (essa resposta parece ser mais comum em sujeitos treinados que realizam altos volumes das duas modalidades).

E o que muda então?

O novo estudo fez um protocolo um pouco diferente… Ele colocou os sujeitos para pedalarem com apenas 1 das pernas por 6 semanas e após esse período de adaptação cardio, iniciou um programa de treinamento de força bilateral por 10 semanas (3x 10 a 12reps de Agachamento, Leg Press, Cadeira Extensora, Cadeira Flexora e Panturrilha).

Os resultados mostraram que a perna realizou um treinamento prévio de 6 semanas de aeróbico na bicicleta apresentou resultados ligeiramente mais pronunciados ao final das 16 semanas. A principal hipótese dos autores é que a capilarização ocasionada pelo treino aeróbico favoreceu as adaptações do treino de força.

A questão aqui é: O que eu faço com esses achados?

Em primeiro lugar, precisamos fazer alguns Questionamentos Críticos:

1️⃣ O que teria acontecido se a perna que não pedalou tivesse completado 16 semanas de treino de força ao invés de apenas 10? Afinal, uma das pernas teve ao total 16 semanas de treino enquanto a outra apenas 10.

2️⃣ Teríamos o mesmo resultado se o treino de força fosse realizado para os Membros Superiores e o Músculo testado fosse o Bíceps?

3️⃣ O que aconteceria se o treino aeróbico fosse corrida ao invés de Bicicleta?

Em segundo lugar, racionalizar como podemos tentar aplicar esses achados iniciais na nossa prática:

De maneira geral a primeira idéia que me vem em mente é iniciar algumas fases da Periodização priorizando o treino aeróbico. O que não significa realizar apenas aeróbico, mas dar mais ênfase a ele por exemplo. Talvez em curto prazo isso possa ter algum impacto na hipertrofia, mas como vimos anteriormente será mínimo, podendo maximizar os resultados nas fases seguintes.

A segunda opção já mais teórica. Partindo do princípio que o benefício do treinamento cardio é a capilarização e treinos realizados em faixas mais altas também parecem apresentar esse efeito. Poderíamos programar algumas fases da periodização para priorizar cargas mais baixas e realizar maior volume de repetições.

E em terceiro lugar, eu tentaria implementar exercícios aeróbicos para membros superiores, que são menos comuns, como ergômetro de braço, Corda Naval ou Natação para favorecer os Membros Superiores de sujeitos que querem dar ênfase nessa região.

Qual o grande aprendizado que quero passar aqui?

Estudos servem apenas como um guia! Precisamos analisar o protocolo empregado e ter pensamento critico para entender como e se devemos aplicar os achados na nossa prática.

 

Se você curtiu esse conteúdo de aplicação prática dos estudos, precisa conhecer o Método Lund.

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