Atualmente, a teoria mais aceita sobre Emagrecimento é a de que precisamos estar em Déficit Energético para perder peso, no entanto, nem sempre é tão simples que isso aconteça.
Na primeira imagem do Post, temos o modelo clássico de Balança Energética, onde de um lado temos a quantidade de energia ingerida através de alimentos e bebidas e do outro, o gasto energético através dos 4 componentes do gasto energético diário.
O Déficit Energético pode ser alcançado tanto pela Dieta quanto pelo Exercício
Em 2 estudos clássicos publicados pelo grupo do pesquisador Robert Ross, o modelo da Balança Calórica Negativa fica ainda mais evidente ao usar um desenho experimental em que os sujeitos atingiam o Déficit Calórico Consumindo menos Calorias ou gastando através do Exercício a mesma quantidade de calorias.
No primeiro estudo, homens com IMC maior que 27 e mais de 100cm de circunferência abdominal foram recrutados para participar da pesquisa e divididos em 3 grupos:
- Dieta com Restrição Calórica de 700cal
- Exercício Aeróbico Diário com Gasto Energético de 700cal
- Exercício Compensado (compensavam o gasto energético do exercício, consumindo a mesma quantidade de calorias)
Os Resultados mostraram perda de peso similar entre os grupos que efetivamente estavam em déficit energético, seja através da dieta ou do aumento do gasto energético com exercício, no entanto, não houve mudança no grupo que se exercitou e compensou o gasto energético do exercício comendo mais.
Olhando dessa forma, poderíamos acreditar que para emagrecer basta alterar um dos lados da balança (comendo menos ou se exercitando mais), mas o grande problema dessa abordagem é que ela não considera a capacidade de adaptação do nosso corpo.
Diversas adaptações compensatórias metabólicas e comportamentais também fundamentarão as diferenças na resposta ao tratamento. Portanto, não se deve presumir que existe uma relação linear entre o déficit de energia prescrito e a perda de peso real.
Em vez disso, o balanço de energia deve ser visto como um sistema regulatório dinâmico no qual a perturbação de um componente individual pode produzir respostas coordenadas em outros componentes do sistema que atenuam a lacuna entre ingesta e gasto energético.
Olhe a imagem abaixo e veja como os 2 lados da equação sofrem influência direta de qualquer alteração que seja feita, tornando o modelo nada linear.
A compensação para o desequilíbrio de energia parece assimétrica, com as forças que resistem à perda de peso mais fortes do que aquelas que resistem ao ganho de peso. Essa assimetria pode ajudar a explicar a aparente facilidade com que as pessoas ganham peso, mas normalmente não conseguem sustentar a perda de peso a longo prazo.
Como a literatura científica continuamente tem mostrado, as tentativas de perda de massa corporal nem sempre seguem um modelo linear, nem sempre saem conforme o esperado, mesmo quando a intervenção é calculada com ferramentas precisas. Uma das principais razões pelas quais isso tende a acontecer depende do impulso biológico de nosso corpo para recuperar a massa corporal que perdemos para sobreviver. Este fenômeno tem sido referido como “adaptação metabólica” muitas vezes na literatura e desempenha um papel muito relevante no manejo da obesidade e perda de peso humana.
Por isso, nosso papel como educador físico precisa ir muito além de fazer nosso aluno gastar energia, pois se apenas gastar energia fosse a solução para o emagrecimento, não teríamos estudos mostrando que gastar 300 ou 600cal através do exercício resultariam em perda de peso similar.
Vamos em frente, esse é só começo, ainda temos muito que debater sobre o papel do exercício no emagrecimento, mas o mais impotente até aqui é você entender que não devemos olhar apenas para as calorias gastas através do exercício. É preciso ter uma visão mais ampla sobre o nosso papel, o papel do educador físico, no contexto do emagrecimento.
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